segunda-feira, 28 de março de 2016

Poemas Classificados - 2016 - IX


Foto do autor.

Esconde-esconde

Num jogo devasso
dispõe a menina, de versos
astros e amores no linho
branco de um lençol
a brincar de mulher.

Sou seu boneco platônico
amor quebrado, marionete.

Lança-me tua luz, imaginária amante
e iluminamor a madrugada
da tarde que cai em mim
com peso de mil e uma
plumas!

À esta altura,
a noite já cegou-me!

Classificado para a antologia PAIXÃO ET CETERA E TAL - POEMAS SELECIONADOS - EDIÇÃO 2016 - da Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE) - Rio de Janeiro (RJ) - em 28 de março de 2016.

Poemas Classificados - 2016 - VIII


Foto do autor.

Morfologia

E então, desilusão é isto:
a árvore vazia de ninhos,
afruta verde no chão,
a lua cheia encoberta?

O desesperançar da cultura
no estio da mudez dos pássaros
em tardes de cigarras?
Secas...

Sobre nós, ver abater-se
noite precoce e sol , tão tardio,
de manhãs enevoadas?

Fazer-se invisível
ao coração do outro,
isto sim, é desilusão!

Classificado para a ANTOLOGIA DE POETAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS - Vol. 136 - da CÂMARA BRASILEIRA DE JOVENS ESCRITORES (CBJE) - Rio de Janeiro (RJ) em 28 de março de 2016.


terça-feira, 22 de março de 2016

Poemas Classificados - 2016 - VII


Foto do autor.

Desilusão de Ótica

Mirando-me num retrato de outrora,
eu cri-me alçado em voo, sem ser alado;
atrelando-me à ilusão do passado
esquecido dos espelhos de agora.

E inebriado assim fui mundo afora
em fantasias, sentia-me remoçado
neste falso delírio acorrentado
que, tão facilmente, a vida devora.

E, em lhe devorando o tempo, cai a venda,
que confunde e mascara a realidade.
Para que o iludido espírito aprenda

sinto no corpo a terrível verdade:
que a ninguém, no decurso desta senda,
é permitido esquivar-se da idade.

Classificado para compor a I ANTOLGIA DE POETAS LUSÓFONOS CONTEMPORÂNEOS "PERDIDAMENTE" do GRUPO MÚLTIPLAS HISTÓRIAS de Lisboa (POR).

quarta-feira, 16 de março de 2016

Poemas Classificados - 2016 - VI


Fonte: marcelodalla.com

Poetar

Não fosse a ansiedade pungente
e minha alma calaria!
Mudo espírito
contemplativo, apenas...
Não fossem os veios abertos
e as angustias jorrantes
meu cérebro – porão desabitado –
jazeria fechado
silencioso e úmido.
Não fosse o carpir infatigável
seleção de joios
no trigal da existência
e minha pena repousaria
no umbral das penas.
Mas a dor coabita e copula
em minha mente
gerando as tais flores de revolta
e poetar é preciso.
Não fosse o medo ancestral
da fera, da solidão, da morte
e a implícita ameaça da danação eterna
e bastaria o caderno de folhas virgens...
calava-me!


Inerte, posição fetal
larva, coliforme, unicelular
mas viver é imperativo!

Classificado para compor a antologia POEMAS ABRAÇADOS - ANO 2016 - da Scortecci Editora (São Paulo - SP), a ser lançada na Bienal do Livro de São Paulo - em 16 de março de 2016.

Poemas Classificados - 2016 - V



Fonte: genesiscontradarwim.blogspot.com.br

Milagres da Razão

Nos jardins de Strauss
desabrocham
milagres da razão.


Na colmeia órfã
se debatem prosélitas operárias
e deslumbradas voejam
em torno da cruz iluminada
sob o foco de novíssimos neons.


Prenhes alvéolos
de néctar evolucionista
o materialismo apaga
antigos archotes.


Triunfantes, por traz dos bigodes,
de mãos dadas
Darwin e Nietzsche
sorriem enfim...

Classificado para compor a antologia POEMAS ABRAÇADOS - ANO 2016 - da Scortecci Editora (São Paulo - SP), a ser lançada na Bienal do Livro de São Paulo - em 16 de março de 2016.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Feliz Dia Nacional da Poesia


Fonte: Imagem do google

Bocejos Oficiais

Diante do poeta
o governo boceja
aniquila sua obra
na indiferença oficial.

O boi rumina
a poesia do sal
que, na seca,
engorda os bolsos
insalubres do capitalista.

Oportunista, o sistema
condena artistas
aos obstáculos do beija-mãos
encerrando em cárceres privados
de arquivos mortos.

A arte abortada dos becos,
esquartejadas no muro
com ficha na polícia.

Um poeta que se cala à força
é porta aberta
à perpetuação do peso,
do grilhão e do medo!


14 de março - Dia Nacional da Poesia - excetuando-se as minhas conquistas pelo meu esforço próprio, nada a comemorar neste dia.

domingo, 13 de março de 2016

Poemas de 2016 - VII


Foto do autor

Regando sedas, em iluminuras,
opera a aranha, às escuras,
tramando fios em Alta Costura.

sexta-feira, 11 de março de 2016

quinta-feira, 10 de março de 2016

Trajetória Literária (2016) - II




Boletim Nacional da UBT (União Brasileira de Trovadores) número 571, fevereiro/2016 - página 06 - tratando da minha nomeação como Delegado da UBT em Conceição do Mato Dentro (MG).

Poemas de 2016 - VI


Fonte: intolerável.com.br

Se pode, a vida, fechar-se num relance
aprenda a ver, num repente,
a beleza ao teu alcance
num breve olhar de um instante.

terça-feira, 8 de março de 2016

Poemas Classificados (2016) IV


Fonte: tertuliabibliofila.blogspot.com


Privação

Na taberna dos sonhos
prateleiras vazias
fazem proclamas de solidão.

Atiro-me sobre as horas
para matar o tempo
de saudades imorríveis.

Escrevo joios em minha seara
que o minuano
varreu de silêncios e gafanhotos.

Em meu peito seco
correm areias e desesperanças
inundando as vazantes de nostalgia.

Meus dias são de eterno perder-me
se te ausentas
da minha diária ração de amor.

Classificado para a Revista ENTREVERBO - 26 - março/2016 - Canoas (RS)

domingo, 6 de março de 2016

Revista Samizdat (março/2012)


(Conceição do Mato Dentro)

Cosmopolita

Fui deitar-me e havia varandas,
alpendre e trinca-ferros trilando;
havia jardins? Havia...
e flores, à namorada, roubadas.
Havia frutas nos quintais? Havia...
pomares invadidos e risos
de crianças desembestadas, de bocas sujas, a correr
havia estripulias...

Acordei num turbilhão de gentes correndo,
sempre correndo, sem rumos
como quem vai a algum lugar e alhures! Apressados...
A cidade, velha dama provinciana, adoecida
inchando a olhos nus
malta de pedreiros, engenheiros, serventes e pedintes
e de hieróglifos indecifráveis nas fachadas,
ensaios de uma língua natimorta!
Muros, cercas e alarmes trancam sorrisos,
bom- dias e “olha o leite”
encarcerando em prisão-perpétua
padeiros, verdureiro, leiteiro
extintos, na mesma condenação
de outras dignas profissões abandonadas.

Não compreendo estas janelas
de comportamento inadequado:
sempre fechadas, na escassez de sorrisos...

O link para esta publicação é:

http://www.revistasamizdat.com//2012/03/cosmopolita.html