quinta-feira, 31 de julho de 2014

Meus Poemas Preferidos IV



Eu

Leio jornal de traz para frente
tenho mania de palavras cruzadas,
só piso nos centros das cerâmicas
gosto de anagramas e andar de mãos dadas.

De chutar pedras, comer frutas no pe
de minhas gafes faço piadas
gosto de beijos demorados
fazer amor, sem pressa de madrugada.

Subir em arvores, rolar na grama
comer pizza gelada,
cerveja quente, amores ardentes
sem nenhum motivo dou gargalhada.

Se me quiseres, te acordarei sempre com beijos
e, se me pedires, passo dias mudo
aconchego-te no peito, se ficares triste

mas, se te não agradas, mudarei em tudo.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Revista Reticências em Versos - 2014



Minha mais recente vitória: a publicação de meu poema SUICIDA que concorreu com obras de mais 125 poetas do Brasil e do exterior. Vale a pena conferir.

http://www.youblisher.com/p/943273-REVISTA-RETICENCIAS-EM-VERSOS-2014/ 

terça-feira, 22 de julho de 2014

Poema Classificado XIV



Solidão

A dor já passou, a doida,
boi e boiada.
Boiadeiro não passou
que já não é tempo
de haver mais boiadeiros.
O tempo passou!
Passou a época das monções,
dos campos verdes, da seca,
das jabuticabas maduras...
O negro negrume
das graúnas e anus.
Passou o dia,
a hora, o exato instante,
de se dizer obrigado, desculpas,
de enciumar-se.
Falar que te amo? O tempo passou!
Os anos passaram
o trem, o apito,
o carnaval, o ônibus.
Passou a época das viagens
mudanças, chegadas,
das partidas...
Passaram os amigos
o verão, as montanhas e o mar.
A embriaguez, os desejos,
a oportunidade também já passou!
Passou o tempo de se provar
teoremas, de publicar poemas,
de retirar o lixo, salvar o planeta
de se fazer escolhas...

A vida também já passou!


Selecionado para a revista virtual “Reticências em Versos”, conforme e-mail recebido em 31/5/2013.

Obrigado!




Bom dia,  amigos diletos,

Completando hoje o aniversário de Primeiro Mês de blog, não poderia estar mais grato e feliz com a aceitação e gentileza dos amigos queridos em me proporcionarem a marca de mais de 2.500 visualizações e outros tantos comentários.

Obrigado e continuem me prestigiando com seu acesso. Bjs.!

Igual aos outros Franciscos
não trago prata nem ouro;
mas, meus amigos, arrisco
dizer que são meu tesouro.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Poema Classificado XIII




Relicário Vazio

Há muito não fio
em santos, heróis ou na história
penhorados ao mais forte,
isto a miséria me ensinou.
Dessa devassa
meu coração e relicário
desde então jazem vazios,
senão pelos amigos que o habitam
de alguns poemas
tradutores de mim e minha história
e um cadinho de amor
que a vida não foi capaz
de mortificar com o sadismo
com que me torturou.


Classificado para a Antolgia Poética “Canta Brasil” – Edição 2014 – Câmara Brasileira do Jovem Escritor (CBJE) – 18/7/14

Poema Classificado XII



Quebranto

Seus olhos
os olhos meus...
Renderam-se em alumbramentos
num átimo, corrente de vento,
com sabor de azul piscina
e o cheiro de pores-do-sol.

Mas veio o ciúme
o quebranto
mau-olhado nos olhos meus
e o azul brando do vento
virou vermelho descontentamento
em meus olhos
nos olhos seus...

E o gosto insalubre do pranto
rolando num pós encanto
num fastio-inanição
cobriu de breu, no meu peito,
os meus olhos
os olhos seus...

...e os olhos do meu coração!



Classificado para a Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - volume 116 – Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE) – Rio de janeiro (RJ) – em 18/7/14

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Meus Poemas Preferidos IV



Lembranças do Cativeiro

Que mimos? Perguntas!
Que guardo tão secretamente
sob estas pálpebras fatigadas?

São lembranças...
É passado!
São depravos
e orgias e violações.
Minh’alma fendida,
forjada em pesares e sentimentos
vis, tão vis!

São senzalas...
É tormento!
São chibatas
E máscaras e marcas sem esquecimento.
Minh’alma ferida
Afanada, assoberbada
De sofrimentos.

Que mimos? Perguntas!
Que guardo tão ocultamente
sob estas pálpebras cansadas?

Não são mimos...
É nada!
Só assombros, deslumbramento!




segunda-feira, 14 de julho de 2014

Poema Classificado XI



 Fantasma

N afolha torturada
Letras calcinadas
Vento varreu!
Nem o PO É MAis visível...

No origami abstrato
O cadáver de um poema
Kafikiano, transformado!
Letras surreais...

Na folha em branco
O poeta padece
Emudece.

Folh’alma abatida
Poesia insepulta
Assombra...

Classificada para a antologia do Concurso Poesia, Lâmpada para o Coração da Litteris Editora – Rio de Janeiro (RJ) – em 2/1/2013




sexta-feira, 11 de julho de 2014

Meus Poemas Preferidos III





Rito de Passagem

Na entrada da fazenda
uma porteira gemedeira
Justamente lá
a minha mãe enterrou
um coto de umbigo
e saudades intra-uterinas
­­– meus restos natais! –

– É prá ficar rico. (Ela disse).

Dinheiro?  Ganhei não,
só assombros.
Vozes espectrais
que sussurram: “Volta.”
Toda vez que geme,
em meus ouvidos distantes,
o lamento daquela velha cancela.



quarta-feira, 9 de julho de 2014

Meus Poemas Preferidos II



Lobo em Pele de Poeta

Peles de poetas não me servem
Frágeis como a aurora, elas são.
Quero a couraça do guerreiro
Ando vexado, procurando emprego.
Quem sabe, a burra cheia e o bucho,
Possa rabiscar uns versos
Poluídos de chãos de fábricas e fuligens
Destes tempos industriais,
Talvez destas linhas tímidas
Desatem uma segunda revolução
De proletários inspirados e de macacões.
Peles de cordeiro? Também não
Agrada-me mais a mandíbula de asno
Não obstante a calvície
Que inviabiliza o Sansão em mim
E estes músculos flácidos de pouca fé.
Ando temeroso de guerras contra filisteus
Procurando a paz, mesmo que inglória.
Antes o covarde vivo, que valente e não.
Quiçá esta retirada individual
Permita a paz da coletividade.

Mas a pele de lobo, esta sim, me serve
Disfarça o lobisomem em mim.
Até que a lua cheia o denuncie...

O que há com o homem moderno
Que sua própria pele não basta?






terça-feira, 8 de julho de 2014

Meus Poemas Preferidos I




Fragilidades

Desenho de giz
sob a goteira do tempo.
Coando-se em mim
a morte constrói castelos
e estalactites...

Dente de leão
que o destino bafeja
a deriva dos ventos
... e tufões!

Nos tentáculos do deserto
o sol/criança gulosa
lambe-me, escultura de gelo.

Impetuosa corrente de vida
arremessa-se em meu peito
fraco/flácido papel de seda.

Na mesa de deuses famintos
o desjejum.

Sou boneco de açúcar! 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Poema Classificado X





Lenitivo

A vida é dor
Nasce-se com ela
Estratificada, pregada...
Somos jogados no mundo
Á nossa própria sorte e arbítrio
Assolados por tentações e intempéries.
Recebem-nos mãos estranhas
Frias, em ambiente hostil.
O oxigênio nos caustica
Nem bem sugamos o colostro
E já nos querem vestir
Limpar, apalpar, furar.
Monta-nos o cocuruto, o diabo,
A sorrir de nossas desgraças
E nos desviar do caminho
Viciar, seviciar e escarnecer!
E, ao Coxo, alinhados pais, professores
O pároco, a polícia e as putas;
Psicólogos a nos “desenquadrar”
E o soldado, que nos enquadra.
O papa excomungando e todo o clero
Que nos exorta a viver acordes
A uma doutrina carregada de medos
Castigos e condenações
Até a dor ser tamanha, que morremos!

Ou nos enveredamos pela poesia...


Classificado entre os finalistas do Concurso Maricá Prosa e Verso em novembro de 2012, conforme e-mail recebido da Comissão Organizadora do Concurso em 20/11/2012.

sábado, 5 de julho de 2014

Poema Classificado IX



Despertar na Cidade

A noite, avançada em horas, sorri
sorrisos de dentes ausentes, prostituta
sem clientes a seduzir mendigos.
Abriga em seu colo de negrumes
os bichos e as almas rotas.
Um galo desavisado rouba o sono dos trabalhadores
em uníssono com cachorros vadios.
O centro da cidade madruga de cara inchada e ressaca,
duvidosas damas osculam
uns últimos vinténs, enfastiadas.
Bêbados boêmios brindam
derradeiros copos cansados.
O comércio cerra as portas noturnas
e em paz, pare o dia.
Os motores bafejam fumaça quente
sobre os últimos ventos frios,
sonolentos dedos abraçam volantes, entrelaçam-se
em suportes de trem, ônibus e metrô
anelados de dormência e preguiça.
O mercado ensaia a ópera, da muita oferta
e da pouca procura, enquanto o sol espreguiça
em múltiplos braços de deus indiano.


2º Lugar no XXXVIII Concurso Literário das Edições AG (São Paulo -SP) em abril de 2013.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Poema Classificado VIII



Bocejos Oficiais

Diante do poeta
O governo boceja
Aniquila sua obra
Na indiferença oficial.
O boi rumina
A poesia do sal
Que, na seca,
Engorda os bolsos
Insalubres do capitalista.
Oportunista, o sistema
Condena artistas
Aos obstáculos do beija-mãos
Encerrando em cárceres privados
De arquivos mortos
A arte abortada dos becos,
Esquartejadas no muro
Com ficha na polícia.
Um poeta que se cala à força
É porta aberta
À perpetuação do peso,
Do grilhão
E do medo!


Destaque Literário Nacional - XIX Concurso Internacional de Poesias, Contos e Crônicas da Associação Literária e Multiprofissional “A Palavra do Século XXI” (ALPAS XXI) – Cruz Alta(RS) – maio/2013

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Poema Classificado VII



Nexos

Teu sexo orbita
A lua de meu cérebro
E recobre de escamas
Meu corpo nu, abandonado
Nas praias de lençóis
Em que naufrago
Meu desejo torpe.
São atóis de solidão
No quebra-mar de sentidos
E, enrijecido,
Vou à pique
Sem abandonar
A nau perdida
De milenares sentimentos
E tormentos...

O capitão jamais abandona

Seu navio!

Destaque Literário Nacional - XIX Concurso Internacional de Poesias, Contos e Crônicas da Associação Literária e Multiprofissional “A Palavra do Século XXI” (ALPAS XXI) – Cruz Alta(RS) – maio/2013

terça-feira, 1 de julho de 2014

Poema Classificado VI







Suicida

Tocar a mão do vento
e na reverência ao abismo
contemplar a sólida superfície do nada.

Rebrilhar nos olhos fechados
a insondável solidão
do gozar a dor de cada dia.

Flutuar o interior da pedra
navegando o magma essencial.
na rota da erraticidade, abandonar-se.

Empalar o coração em tributo
à liberdade total e absoluta
de dizer sim à vida que sobeja
em dor.

Classificado para a Antologia dos Poetas Brasileiros Contemporâneos  - Volume 115 - Agosto 2014 e publicado na Antologia On Line da Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE) - em junho de 2014.

http://camarabrasileira.com/apol115-019.htm